História da Netflix – Parte 2

História da Netflix – Parte 2

Continuação da História da Netflix

Streaming x DVD

E quem acha que com o início das atividades de streaming a Netflix aposentou o “obsoleto” DVD físico e o sistema de entrega via correio está redondamente enganado.
Em informações oficiais aos investidores, a Netflix anunciou que, embora venha perdendo assinantes mês após mês, no final do segundo quartel de atividades de 2017 (abril ~ junho), o formato de assinatura do serviço de envio de DVD físico ainda conta com mais 3.7 milhões de assinantes mensais e cerca de 20 centros de distribuição (contra 103 milhões no sistema de streaming, porém os DVD’s só estão disponíveis nos EUA enquanto o streaming em quase todos os países, como vimos no início do texto).

Lucro x Receita

Embora os números mostrem que aqueles que preferem o sistema de aluguel de DVD físico já é irrisório frente o seu auge em 2010 (quando 20 milhões tinham a assinatura e cerca de 50 centros de distribuição, cada um com capacidade para enviar 50 mil encomendas por dia, na média, corriam para fazer os despachos), somente nos 6 primeiros meses de 2017 o sistema de envio de DVD já gerou uma receita de mais de 235 milhões de dólares para a Netflix. Descontados os quase 113 milhões de custos de operação (novos DVD’s, correios, manutenção, armazenamento, etc.) o lucro líquido foi de mais de 122 milhões de dólares. Tá bom para uma mídia considerada ultrapassada, certo? A média de perda de assinantes neste formato é de 800 mil por ano, o que dá ainda mais uns 4 ou 5 anos de envio de DVD’s caso a Netflix queira extinguir o serviço somente após o último assinante cancelar o contrato.
E um último dado: Embora o streaming seja mais volumoso e rentável por conta de uma base de assinantes bem maior, seu lucro líquido é de 23% sob a receita, enquanto que com os DVD’s a margem é de 52%. Sim, contrariando o pensamento geral, o DVD é bem mais rentável do que o streaming, ao menos na proporção lucro x receita.

Ainda segundo os dados para os investidores (este de 2013), a Netflix possui, praticamente, pelo menos uma cópia de qualquer filme já feito. São quase 100 mil títulos em mídia física entre filmes, séries, programas de Tv, etc. Já pensou ter que se desfazer disso tudo de uma hora a para a outra??? Segundo Cliff Edwards, diretor de comunicações, isso não vai acontecer tão cedo: “Não há planos de desativar o serviço de uma vez […] Será um declínio gradual. Ainda veremos o serviço funcionando por mais dez anos ou mais.” O posicionamento foi feito em 2015.

A diferença entre o streaming e o envio de DVD

A diferença entre o streaming e o envio de DVD é que no DVD não há as séries exclusivas Netflix, como Orange is the New Black que nunca foi lançado em mídia física. Já as vantagens do DVD é que um novo filme sai em mídia física (e chega no depósito da Netflix) meses antes do contrato com os estúdios permitir que ele seja distribuído pelo site e aplicativos on demand. Quanto ao tempo de entrega, a Netflix informa que em 92% dos casos o DVD chega em até 24 horas ao solicitante.
Mas voltando ao streaming, foi em 2007 que o jogo começaria a virar para a empresa. Porém, naquela época as coisas eram um pouco diferentes de como estamos acostumados hoje em dia. No lançamento cada assinante tinha direito a apenas 1 hora de vídeo por dólar da assinatura, em média. O plano de U$$ 16.99 permitia que o usuário assistisse 17 horas de vídeo no mês. Note que nesse momento não havia assinatura específica para streaming como acontece hoje nos EUA, onde você opta por assinar o serviço de entrega de DVD, o conteúdo on demand ou ambos.

liberação do streaming sem cláusulas de X horas assistidas por mês

Ao ver que as pessoas estavam gostando do novo formato de entrega do conteúdo, a Netflix começou a fazer testes no ano seguinte, quando liberou o streaming sem cláusulas de X horas assistidas por mês, pelo menos para aqueles que tinham uma assinatura mais robusta, pois quem tinha o plano de U$$4,99 – que dava direito a 2 DVD’s por mês – ainda ficaria com a condição de poder assistir somente 2 horas de streaming a cada 30 dias. A medida foi, sobretudo, impulsionada pela maior fonte motivação para as empresas: A concorrência. A Netflix alterou sua política e facilitou o acesso ao streaming após a estreia do Hulu e da venda de vídeos pela Apple.

Parcerias para o Gigantesco Catálogo

A partir de então a empresa começou a fechar diversas parcerias para criar o gigantesco catálogo que dispõe hoje. Após a primeira parceria (Warner Brothers e Columbia) em 2001, em 2008 foi a vez de uma parceria com a Starz; em 2010 com a Paramount, Lions Gate e MGM por 5 anos ao custo de 1 bilhão de dólares; a Fox veio em 2012 com suas tantas séries de nome (contrato rescindido em 2017 para tristeza geral de todos); em 2013 foi a vez de comprar os direitos de tv da DreamWorks, dentre outras. Tais decisões fizeram com que Reed Hastings fosse eleito o CEO do ano pela revista Fortune.
A expansão internacional começaria em 2010 com o Canadá. Nós brasileiros seríamos o 3º país a receber o serviço, mas não vamos falar disso agora.

Sempre há erros na Trajetória

Mas nem tudo pode ser considerado acertos na vida da Netflix, na verda houve erros feios na trajetória. O maior deles, sem dúvida, aconteceu em 2011 quando Hastings anunciou que tinha a intenção de desmembrar o serviço de streaming (que continuaria chamando-se Netflix) e o serviço de envio de DVD’s e também videogames (que se chamaria Qwickster, uma nova empresa). A ideia não foi bem recebida e as ações da companhia despencaram ao ponto do CEO cancelar essa ideia menos de 1 mês depois. As perdas incluíram cerca de 600 mil cancelamentos de assinaturas naquele quadrimestre e uma baixa de 11 dólares no valor das ações somente em 1 dia.
Claro que um ponto errado em meio a uma trajetória de acertos não desqualifica em nada o resultado final. E os números provam isso. em 2014 alcançou-se a marca de 50 milhões de assinantes espalhados pelos 41 países do mundo onde a empresa operava. Em 2015 ela teve uma grande valorização e foi avaliada em 32.9 bilhões de dólares, superando o valor de mercado da rede tradicionais de televisão como a americana CBS, avaliada em 30.6 bilhões. A título de comparação, a CBS é a responsável pela criação ou distribuição de clássicos como NCIS, Criminal Minds, The Big Bang Theory, M*A*S*H, Two and a Half Men, The Mentalist, Cold Case, Hawaii Five-O e muitas outras. Detalhe: a maioria disponível no serviço de streaming.

Sucesso Absoluto

Bom, hoje, ninguém pode negar que a Netflix é sucesso absoluto. Nos Estados Unidos, por exemplo, ela apareceu como responsável por 37% de todo o tráfego de internet no país na última pesquisa feita em 2015 (estima-se que o número esteja ainda maior). Isso é o suficiente para começar a pensar no peso e impacto que uma única empresa tem sobre o tráfego de dados. E olha só esse dado: No mundo inteiro são assistidas mais de 125 milhões de horas de conteúdo por dia!!

Vários Petabytes de Memória

Todo esse sucesso é culpa do conteúdo oferecido. E você tem noção de quanto é esse conteúdo? Somente em streaming a Netflix possui mais de 3.5 petabytes de dados (cada petabyte corresponde a 1024 terabytes, que, por sua vez, cada terabyte é 1024 gigabytes. Assim, 1 petabyte é 1 milhão 48 mil e 576 gigas). Cada filme ou episódio está armazenado em mais de 50 formatos de dados diferentes, tudo para garantir que de alguma forma vai funcionar.

O Impacto da Netflix em seus concorrentes

E o impacto da Netflix vai além do peso causado na internet. As transmissoras de conteúdo convencionais como canais de Tv e canal a cabo já sentem uma queda gigante na arrecadação, principalmente a Tv a cabo que vende 30 ou 50 canais pelo quádruplo do preço dos milhares de filmes da Netflix. Nos Estados Unidos o número de residências que além da Netflix pagava pela tv a cabo caiu de 88% para 80% (dados de 2010 e 2014, respectivamente), ou seja, as pessoas estão cancelando suas tv’s a cabo e ficando apenas com o streaming.
O bom para nós é que eles terão de se mexer e se oferecer um conteúdo melhor caso queiram continuar na briga. Até os canais abertos estão colocando seu conteúdo completo na internet, coisa impensável até alguns anos atrás. O ruim é cada vez mais serviços exclusivos surgirão e você terá que assinar todos eles de maneira individual para ter acesso a conteúdo variado.

Transmissoras de Conteúdo vão se fechando

A HBO, por exemplo, possui o HBO GO que detém Game of Thrones, WestWorld, entre outros. A Fox retirou suas séries para criar seu próprio serviço. A Disney já anunciou que não renovará seus contratos no término por que tem a ideia de entrar no mercado de streaming.

A última grande “inovação” (entre aspas pois já existia na Amazon Prime Video há mais de ano) foi a possibilidade dos assinantes baixarem o conteúdo em seus dispositivos para que assistissem enquanto offline. O recurso era o mais aguardado de todos.

Segundo Neil Hunt, chefe de produtos da Netflix, o modelo que eles apresentam hoje é o modelo padrão para as emissoras de televisão em 2025, onde cada usuário terá a liberdade de escolher o que assistir e quando assistir.

Problemas judiciais

Não há a possibilidade de se tornar a maior empresa do mundo sem um probleminha aqui, outro ali, certo? Em 2010, mesmo ano em que começou a expansão internacional, ocorreu a primeira grande controvérsia da Netflix.
Foi durante um concurso para que fosse desenvolvido um algoritmo de sugestões para os usuários melhor do que o utilizado na época (criado em 2006 também através de um concurso no qual o prêmio foi de 1 milhão de dólares). Para que as equipes pudessem começar a criar a ferramenta foi preciso que a Netflix disponibilizasse informações de usuários, como lista do que assiste, tempo que fica vendo, rotina, etc. Claro que todos os dados seriam passados de maneira anônima.

A vunerabilidade

Pois é, mas não foi. Descobriu-se depois que os dados eram vulneráveis e podiam ser rastreados e decodificados para se chegar até seu dono. Isto causou uma grande discussão sobre direitos e sobre privacidade. A FSF – Free Software Foundation – promoveu uma campanha para que os usuários cancelassem a assinatura. Mais pontual do que uma campanha de internet foi o processo judicial movido pela KamberLaw, que foi encerrado após um acordo.
Outras ações também já foram movidas, como o grupo que representa os surdos nos Estados Unidos e afirmou que os lançamentos não tinham legenda, o que impossibilitava os deficientes auditivos de acompanhar o conteúdo. A ação foi movida em 2011 e já em 2012 a Netflix afirmou ter aumentado significativamente o conteúdo legendado. Depois disso a companhia passou a tomar medidas interessantes, como, por exemplo, a inserção de legendas feitas por um fansub, ou seja, um grupo de fãs. O caso ocorreu na Finlândia.

Expansão internacional

Como vimos, a Netflix começou com o serviço de streaming em 2007, mas o primeiro país a poder usufruir do serviço iria demorar mais alguns aninhos. Foi o Canadá, em 2010. Menos de 4 anos depois, 30% da população de língua inglesa do país já eram usuários de Netflix.

O sucesso da empreitada canadense foi excelente para nós, pois deu a ideia para que a Netflix continuasse conquistando mais e mais países. O alvo da vez foram 43 países da América Latina, entre eles países como Brasil (1º país do bloco a receber e o 3º do mundo), Argentina, Chile, Colômbia, México, e outros 38 países.

Uma Conexão de Internet

Hoje a Netflix é um sucesso por aqui, porém, no início a coisa foi temerosa, pois o Brasil, e todos os países em geral, possuíam uma conexão de internet média muito lenta. No Brasil, por exemplo, somente 20% de usuários tinham a velocidade acima de 500 KB/s quando 800 KB/s eram considerados o mínimo necessário para conectar no serviço.

Em 2012 foi a vez da Europa receber a Netflix. Os primeiros países foram Reino Unido e Irlanda em janeiro. Quase terminando o ano foi a vez da Escandinávia: Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega. A Holanda foi o próximo e em 2013, foi especial pelo seguinte motivo: 3 bilhões de dólares em assinatura. Somaram 32 milhões de usuários nos EUA (30% da população) e 10 milhões espalhados pelo restante do mundo.

Grande sacada investir em expansão. Antes a base de usuários crescia a uma taxa de 2.4 milhões de usuários ao ano, depois, em 2014 essa taxa passou a ser de 7 milhões por ano.

Oceania recebeu o serviço em março de 2015 com a estreia de Austrália e Nova Zelândia na lista de países disponíveis. A Ásia receberia alguns meses depois, sendo o Japão o pioneiro por lá.

O Grande Passo

O grande passo foi dado na CES de 2016, quando em 6 de janeiro, foi anunciado que mais de 130 países iam passar a assistir Narcos, House of Cards, etc. Agora a dominação total está cada vez mais próxima. Teve até vídeo de comemoração.

A Netflix é uma das empresas mais amadas tanto no Brasil como no mundo e o sucesso dos nossos especiais Netflix prova isso. Não poderia ser diferente, eles têm o melhor SAC, oferecem conteúdo de qualidade, está disponível para o cliente na hora em que desejar e tudo por um preço justo, afinal, a mensalidade mais cara custa menos do que 1 sessão de cinema e você nem precisa sair de casa.

Países que os EUA Impóem Restrições

Hoje o serviço está presente em quase todos os países do mundo. São mais de 190 e apenas em 3 deles não é possível acessar o conteúdo, como locais nos quais o governo dos EUA impõem restrições: Crimeia, Coreia do Norte, Síria e a China.

 

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