A História da Criação da Netflix -Parte 1

A História da Criação da Netflix -Parte 1

Criação da Netflix – Hoje o serviço está presente em quase todos os países do mundo. São mais de 190 e apenas em 3 deles não é possível acessar o conteúdo, como locais nos quais o governo dos EUA impõem restrições: Crimeia, Coreia do Norte, Síria e a China. Bem, este último ela não está disponível mais ou menos, na verdade (a questão é complicada, mas está explicada abaixo em detalhes).

História da criação da Netflix

Diferentemente do que todo mundo pensa, a NetFlix (ela tinha o “F” maiúsculo até 2002) é mais velha do que muitos usuários. Ela foi fundada por Reed Hastings – matemático e cientista da computação – e Marc Randolph – marketeiro e empreendedor – em 1997 (sim, lá se vão 20 anos).Os 2 se conheceram na primeira empresa fundada por Hastings, a Atria Software, uma empresa que fazia o controle e identificação de bugs e controle de desenvolvimento para softwares mais complexos, onde Rudolph assumiu o cargo de diretor de marketing.

Vender pela Internet

Em suas conversas eles viram que tinham algo em comum: ambos admiravam o modelo de negócios online que a Amazon tinha implementado e, assim como Elon Musk, os criadores do Google, e tantos outros empreendedores desta época, eles queriam descobrir algo que também pudessem vender pela internet.

Locação de Filmes

O mercado escolhido foi o da locação de filmes, que girava 16 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos. Só havia um porém: As fitas VHS eram muito frágeis para serem despachadas via correio. Problema que foi resolvido quando eles ficaram sabendo dos tais DVD’s, novidade no mercado que eram perfeitos para o envio: leves, pequenos, resistentes e cabiam em um envelope.

A lógica do negócio seria a seguinte: o usuário do serviço entraria no site (que seria a plataforma escolhida), selecionaria o título que desejava ver; o DVD era enviado pelos correios; o assinante ficava com o disco por quanto tempo quisesse; e depois o mesmo era retornado gratuitamento também pelos correios. Tudo por apenas 50 centavos de frete por cada DVD enviado (custo de envio extinto depois), sem multas por atraso, sem custo extra por determinado título e o principal: a possibilidade de um mesmo usuário receber vários DVD’s em casa ao mesmo tempo de acordo com o seu plano de assinatura (até o máximo de 8). O assinante ainda tinha ainda a opção de comprar o DVD caso quisesse.

Da Idéia a Execução

Com a fórmula em mãos eles começaram a trabalhar, oficialmente, em 29 de agosto de 1997, na cidadezinha de Scotts Valley, de menos de 10 mil habitantes. O aporte inicial para comprar os 925 títulos disponíveis (o que era quase todos os filmes produzidos em DVD até o momento) e contratar os 30 funcionários iniciais veio de um financiamento de 2.5 milhões de dólares de Steve Kahn e também da fortuna recém adquirida de Hastings, que havia vendido a sua empresa de software por nada mais nada menos do que 700 milhões de dólares, a aquisição mais cara do Vale do Silício até então.
O início oficial das operações ao público ocorreu em 1998, quando eles lançaram o site onde você fazia a solicitação de quais DVD’s gostaria de receber na porta da sua casa através dos correios. Nesse primeiro momento os valores ainda eram cobrados por disco separado. Mas quem poderia reclamar? Se antes você tinha que ir até uma videolocadora, ou um cinema para assistir um filminho, a partir de então poderia fazer tudo isso através de um site. Foi verdadeiramente revolucionário.

A Evolução

A ideia deu bastante certo e já em 1999 a Netflix recebeu um aporte de investidores no valor de 30 milhões de dólares. Alguns meses depois veio também o formato da assinatura, que conhecemos até hoje. Com tudo dando certo, os fundadores achavam que a Netflix estava em seu potenceial máximo e era chegada a hora de fazer dinheiro com a criação. Assim eles fizeram uma oferta para a Blockbuster, maior rede de videolocadoras do mundo que em seu ápice chegou a ter cerca de 60 mil funcionários espalhados por mais de 9 mil lojas ao redor do mundo. A rede teve a chance de comprar a Netflix e assumir o negócio por apenas 50 milhões de dólares (hoje a Netflix é avaliada em 70 BILHÕES).

Netflix x Blockbuster

O irônico é que a marca não quis comprar a Netflix por desacreditar na premissa de locar um filme sem pegá-lo na mão, sem ver a caixinha, o encarte, etc. O resultado disso, como a gente já sabe, foi que a Netflix não fracassou como a Blockbuster previu e, para piorar, quem faliu foram eles!! 2010 foi o ano em que a tradicional rede de videolocadoras anunciou sua falência e começou a negociar seu desmanche para outras marcas
Proposta rejeitada, concorrência ainda mais acirrada após a Redbox surgir (que alugava DVD’s a partir de quiosques automáticos) e vida que segue para a Netflix. O próximo passo foi abrir a empresa aos acionistas em 2001, em uma tentativa de equilibrar as contas, já que, mesmo com todo o sucesso e a avaliação milionária do mercado, o negócio ainda era deficitário e o balanço sempre fechava no vermelho. O valor da ação foi estipulado em 15 dólares (hoje está em 168 USD, após atingir um pico de 189 dólares por papel) e 5.5 milhões de ações foram emitidas: arrecadação de 82.5 milhões de dólares.

Impulso Inusitado

A marca teve um impulso inusitado em 2001, logo após os ataques terroristas de 11 de setembro, quando depois da tragédia viu seu número de assinantes dobrar, tudo graças ao medo dos americanos de deixar suas casa, optando por receber um filme sem sair do sofá. Mesmo assim eles continuariam “perdendo” dinheiro por causa de investimentos. marketing, aquisições de DVD’s e tudo mais. Cenário complicado de entender, mas assim continuaria o forte crescimento e o contínuo prejuízo nas operações; até 2003, primeiro ano em que a Netflix terminaria com mais ganhos do que perdas. Não por coincidência, esse foi o ano em que a marca de 1 milhão de assinantes foi atingido.

Em 2004 uma reviravolta:,Marc Rudolph deixa a empresa em um cenário de mistério. Ninguém comenta muito sobre o assunto e até hoje os porquês da sua saída não foram totalmente explicados. Rudolph, muito humilde, somente disse que a melhor ideia de sua vida foi sair e deixar Hastings de CEO em seu lugar. Os resultados mostram que ele está coberto de razão.

Passo Importante

O que pouca gente sabe é que, ainda em 2006, a Netflix daria um passo importante para se tornar o que ela é hoje. Foi quando eles esboçaram pela primeira vez a vontade em ser um distribuidor e criador de conteúdo original.
Foi através da criação do Red Envelope Entertainment (Envelope Vermelho Entretenimento – referência à sua característica embalagem em que são despachados os discos) que a empresa começou a distribuir conteúdo e até apostar na produção de conteúdo original com diretores como John Waters no time. Porém, ainda não vamos confundir com as produções originais como House of Cards e outras, essas só viriam bem depois.

Red Envelope

A divisão Red Envelope não teve vida longa e foi encerrada em 2008 após distribuir e produzir mais de 100 títulos, entre eles os bastante conhecidos: 2 dias em Paris e Super High Me. O motivo do encerramento dessa divisão foi que em neste primeiro momento a Netflix queria evitar a disputa com os estúdios parceiros. A Netflix como um verdadeiro estúdio de cinema demoraria um pouquinho mais para se tornar realidade.

Até então o serviço avançava somente com DVDs físicos, chegando a mais de 35 mil títulos diferentes disponíveis e despachando mais de 1 milhão de cartinhas por dia em 2005 (eram 190 mil em 2002 e, em breve, em 2007, a marca de seria atingida).

Competição Acirrada

Porém, a competição se acirrava cada vez mais: a Blockbuster, ciente de ter feito a maior c!#&¨#@ da sua história teve de correr atrás do prejuízo e lançou o seu próprio serviço ilimitado de empréstimo de filmes, por U$ 19,99 ao mês; e para piorar, a Amazon, inspiração inicial para o modelo da Netflix resolveu entrar na briga também. Ironicamente, a entrada da Amazon foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Hastings e a Netflix: eles “inventaram” o streaming.

Adendo a História das “cartinhas”

Mas antes de falar do capítulo principal dessa história, um pequeno adendo sobre as cartinhas: Parte desse prejuízo que a empresa tomava vinha do fato de que o mesmo envelope em que você receberia o disco seria também o envelope que você devolveria o DVD, tudo de graça, sem gastar 1 centavo pela devolução. A Netflix queria garantir que tudo desse certo, assim, mais de 200 modelos de envelopes foram testados até achar aquele que melhor se adaptaria à função.

Com tudo pronto, agora estava garantido o retorno correto e em segurança dos discos, além de uma conta alta com os correios, é claro. Tá achando exagero? Pois saiba que a empresa chegou a gastar mais de 20 milhões de dólares somente em 2007 com as postagens dos seus discos.

A Boa Competição faz Crescer

Pois bem, a Amazon tem mesmo o dom de ser inovadora, e o streaming foi mais um deles. Vendo que a Netflix estava deslanchando no mercado de vídeo doméstico, que diversos concorrentes estavam surgindo e que a grana que iria girar nesse modelo de negócios era assustadora, eles resolveram entrar na briga. Sua contribuição foi introduzir o conceito de streaming, ou seja, acesso imediato ao conteúdo, sem ter que solicitar o DVD e esperar o correio entregá-lo para você.

Hastings adorou a ideia e decidiu que a sua empresa tinha que entrar nessa onda para não ficar para trás, afinal, este foi o erro da Blockbuster há alguns anos e ele não queria repeti-lo. Assim, pouco mais de 4 meses depois do surgimento da Amazon Video, a Netflix anuncia, em 15 de janeiro de 2007, que também ofereceria o seu conteúdo no formato acesso imediato. Viu só? Foram quase 10 anos de história para que o streaming aparecesse na Netflix, e você aí reclamando quando sua transmissão em 4K tranca. Shame on you.

Vamos ver o que de fato é o Streaming; O Lucro e as Receitas da Netflix; As Grandes Parcerias e o Gigantesco catálogo… continua no próximo Post …

 

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