A Liberdade de expressão na Internet próxima do fim?
Mal deu tempo de baixar a poeira após a entrada em vigor do GDPR, uma nova legislação ameaça a liberdade de expressão na Internet. E ela abrange, inclusive, a vida dos tão amados memes.
Estaríamos nós perto de uma era ao estilo Black Mirror?
Quer entender e estar atualizado?
Por que a liberdade de expressão na Internet está em risco?
A diretiva trata sobre proteção de Copyright no Mercado Único Digital. Em outras palavras ela foca única e exclusivamente na proteção dos direitos autorais na Internet, deixando de considerar a liberdade.
Os pontos mais polêmicos, que são os artigos 11 e 13, tratam do pagamento de exibição de conteúdos protegidos por direitos autorais e a realização de censura prévia pelas plataformas de hospedagem e redes sociais.
Entendendo o artigo 11
Essa nova regra exige que as plataformas digitais, como Facebook e Youtube, paguem para os meios de comunicação para exibir seus conteúdos protegidos.
O que isso quer dizer na prática?
Que o compartilhamento deste post em uma ferramenta como o Linkedin geraria o dever do Linkedin de pagar à Linq.
Monetizar um conteúdo que foi criado justamente com o intuito de ser gratuito e acessível para todas as pessoas é o oposto de como a internet funciona. Tudo o que foi construído para a web ser um local social de compartilhamento de conteúdos está seriamente ameaçada.
A grande polêmica do artigo 13
Segundo este artigo, os serviços digitais, como plataformas de hospedagem e redes sociais, devem atuar, junto com os detentores do direito autoral, para identificar a publicação de materiais protegidos por direitos autorais.
O objetivo final é evitar o acesso indevido a obras protegidas.
A atuação já inclui o uso de tecnologia de reconhecimento de conteúdos para impossibilitar a publicação de conteúdos na Internet. Levando ao extremo o direito autoral; já o de imagem tornará os serviços digitais um braço governamental da censura, porém sem o aparato estatal para tomar essas decisões.
Nesse sentido, a liberdade de expressão na internet pode estar com os dias contados, pelo menos nos grandes meios de publicação, como memes, reproduções de desenhos e filmes, além de imagens icônicas.
Objeções ao projeto
A votação do dia 20/06, que encaminhou esse projeto de lei para o Parlamento, foi acirrada. O art. 11 foi aprovado com 13 votos a favor e 12 contrários, enquanto o art. 13 foi aprovado com 15 votos a favor e 10 contras.
Quase imediatamente após a publicação, foi enviada carta ao presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, solicitando a retirada do art. 13, devido à transformação que a regulamentação trará à Internet.
De uma plataforma aberta ao compartilhamento e inovação para uma ferramente de vigilância automatizada e de controle de usuários. #BlackMirrorFeelings
Endossando a carta estão uma série de personalidades do mundo digital como Berners-Lee; Mitchell Baker, presidente do conselho da Mozilla; e Guido van Rossum, criador da linguagem de programação Python, também assinam o documento.
E como ficam as coisas no Brasil?
Aqui as coisas ficam um pouco mais confusas, pois a internet é, por definição, um ambiente de poucas fronteiras. Então a Europa poderia, em teoria, “censurar” a Internet utilizando-se de multas e sanções às violações ocorridos no velho continente ou a direitos de origem europeu.
Como se não bastasse essa interferência, é sabido que a legislação brasileira se inspira muito do que é feito nos EUA e na Europa. É possível que os nossos legisladores gostem desse modelo de regulamentação e tragam projetos parecidos para votação aqui no Brasil.