Pocahontas sai da Netflix – Chame a Criançada!
Em 03 de fevereiro, as crianças perdem “Pocahontas, da Disney, sai da Netflix. Vale a Pena ver de NOVO.
Em 1995, a Disney inspirou-se numa personagem histórica para produzir “Pocahontas”. Mas a história verdadeira de Matoaka, o seu nome original, é mais trágica que romântica.
A versão da história de Pocahontas contada na animação da Disney, feita em 1995, foi a que se generalizou, mas está longe de ser a mais fiel. Pocahontas morreu com 21 anos e o inglês John Smith, pelo qual se apaixona no filme, mentiu sobre o contexto em que conheceu a princesa. Em 21 de março de 2018, comemorou-se 423 anos desde a sua morte.
A lenda da princesa nativo-americana – Pocahontas
A lenda da princesa nativo-americana começou a ser construída quando tinha ainda 12 anos de idade. De nome original Matoaka, era filha do chefe dos povos Powhatan, localizados na Virgínia (região chamada pelos índios de Tenakomakah), nos Estados Unidos, mas desconhece-se a identidade da sua mãe.”Pocahontas” era um apelido de infância e significava ” criança mimada”.
Pocahontas passou a infância no meio dos conflitos com colonizadores ingleses. Um deles, John Smith, chegou a Virgínia de navio, em 1607, com outros 100 colonizadores.
Os historiadores preferem acreditar na versão de que, na verdade, não aconteceu nenhum episódio de tentativa de execução dos colonizadores. Pelo contrário, John Smith terá sido até bem recebido pelos povos Powhatan.
Do sequestro ao primeiro casamento entre um europeu e uma americana
Aos 17 anos de idade, Pocahontas fazia visitas frequentes à região de Jamestown a fim de auxiliar e cuidar dos colonizadores europeus. Em 1613, numa dessas visitas, Pocahontas foi sequestrada pelo oficial da marinha Samuel Argall que pedia, em troca, alguns prisioneiros mantidos pelo seu pai, o chefe dos povos Powhatan. O sequestro da jovem prolongou-se por mais de um ano.
E também não foi com John Smith que a bela índia acabou por ficar. Durante aquele período, John Rolfe, um plantador de tabaco, interessou-se por Pocahontas. O viúvo de 28 anos, tomando o casamento por garantido, influenciou a sua libertação e conseguiu. Em 5 de abril de 1614, Pocahontas casou-se com John Rolfe, foi convertida ao cristianismo e batizada com um novo nome. Passou a chamar-se Rebecca Rolfe. Celebrou-se, assim, o primeiro casamento registado entre um europeu e um nativo americano. Viveram juntos nos anos seguintes na plantação de Rolfe, que estava localizada ao lado do James River, na nova comunidade de Henricus. Tiveram um filho, Thomas Rolfe, nascido em 30 de janeiro de 1615 que ficou conhecido por “Red Rolfe”, devido à cor de pele dos nativos-americanos. Sua união não obteve sucesso no sentido de trazer os cativos de volta, mas estabeleceu um clima de paz entre os colonos de Jamestown e a tribo de Powhatan por muitos anos; em 1615, James Habor escreveu que desde o casamento “nós tivemos um amigável comércio não só com os Powhatans como também com todas aqueles que estavam em nossa volta”.
Partida para Inglaterra sem retorno
Em 1616, o casal partiu para Inglaterra. Rebeca foi usada como símbolo das relações pacíficas entre os ingleses e nativos americanos, tendo sido vista como uma selvagem civilizada. O seu marido foi elogiado. A adaptação da princesa índia à sociedade inglesa foi de tal forma impressionante que o casal chegou a ser recebido pela corte e pelo próprio rei Jaime I. Nos relatos escritos por John Smith, o colonizador inglês que acabou também por regressar a Inglaterra, descreve um encontro que terá tido com o casal Rolfe: Pocahontas declarou que estava decepcionada por ele não ter tomado medidas para manter a paz entre sua tribo e os colonizadores.
Em Março de 1617, a família Rolfe partira para Virgínia. No entanto, durante a viagem, Matoaka ficou gravemente doente, tendo de ser levada para fora do navio, em Gravesend. Matoaka não completaria sua viagem de volta para sua casa. Ela morreu no local, em 21 de março de 1617, com apenas 21 anos de idade. Existem várias teorias sobre sua morte, que variam desde varíola, pneumonia, tuberculose, até envenenamento.
Seu corpo fora sepultado em uma igreja em Gravesend, mas seu túmulo fora destruído em uma reconstrução posterior do local.
Pouco tempo após a morte de Matoaka, o povo de Smith e Rolfe voltaram-se contra os nativos que outrora haviam compartilhado seus recursos com eles e haviam mostrado-lhes amizade. Durante a geração de Pocahontas, o povo de Powhatan foi dizimado e disperso, tendo suas terras tomadas pelos europeus. Tal padrão espalharia-se por todo o continente americano.
O oportunista John Smith
Foi apenas após sua morte e fama na Corte e sociedade de Londres, que Smith achou conveniente inventar que ela o havia resgatado. Matoaka – ou Pocahontas – não suportava a ideia das mentiras inventadas por ele, e resta-nos questionar, o que esta jovem mulher teria pensado desta produção, onde ela e seu povo, foram reduzidos à meros ”indígenas”, apaixonados súditos dos europeus.
Conclusão
Essa foi a Trágica História de Pocahontas. Quanto ao filme ficamos ciente que é uma história fictícia mas que não perde o seu brilho, pois ensina que todos os seres humanos, independente onde tenha nascido, a que povo pertença, podemos sempre dialogar e unir a favor do bem de todos e o amor entre os seres, a harmonia entre os reinos animais, vegetais, minerais e humanos.